Alta de juros seria excessiva e prejudicaria crescimento econômico do país, diz CNI
O mercado aposta que o Banco Central (BC) deve voltar a subir a taxa básica de juros na quarta-feira (18) a fim de trazer a inflação mais próxima da meta e conter as expectativas, que estão desancoradas.
Contudo, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) aponta que o movimento seria uma medida excessiva, de modo que prejudicaria o crescimento econômico do país, além de ir na contramão de bancos centrais como os dos Estados Unidos e da Europa.
“Os cenários econômicos, atual e prospectivo, principalmente de inflação, mostram que um aumento da Selic seria equivocado e um excesso de conservadorismo da autoridade monetária, com consequências negativas e desnecessárias para a atividade econômica. Além disso, colocaria o Brasil na contramão do que o mundo está fazendo nesse momento, que é a redução das taxas de juros”, afirma em nota Ricardo Alban, presidente da CNI.
“[Isso] apenas traria restrições adicionais ao crescimento econômico, se convertendo em menor bem-estar para a população”, aponta Alban.
A taxa Selic, os juros básicos estabelecidos pelo BC, estão no patamar de 10,5% ao ano.
A confederação destaca o resultado da inflação oficial do país em agosto. Após atingir alta de 4,5% nos 12 meses até julho, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) arrefeceu a 4,24% na última divulgação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Na comparação mensal, o índice registrou deflação de 0,02%, resultado melhor do que o esperado pelo mercado.
A meta para a inflação é de 3%, com margem de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
Com a definição da meta contínua de inflação, passando a considerar como descumprido o objetivo quando a taxa se mantiver por seis meses acima da meta, a CNI ainda reforça que o Comitê de Política Monetária (Copom) deveria considerar o comportamento da alta dos preços no longo prazo, invés de olhar para o final deste ano.
Não obstante, o BC aponta que a inflação deve chegar a 3,2% no seu horizonte relevante — uma margem de 18 meses à frente a qual considera referência para o exercício da política monetária.
“A CNI considera que esse pequeno desvio não justifica a elevação da taxa de juros, que está em patamar elevado há bastante tempo e ainda marca uma política monetária bastante contracionista, mais do que capaz de manter a inflação sob controle”, pondera a confederação.
“O aumento da Selic frustraria a recuperação da indústria de transformação e do investimento. A alta da taxa de juros real também dificultaria a sustentabilidade das contas públicas, uma vez que cada ponto percentual a mais na Selic representa cerca de R$ 40 bilhões por ano em despesas com juros.”
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